Lupi convoca PDT para prestar contas de sua gestão

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, convocou para amanhã, na qualidade de
presidente do PDT, uma reunião da Executiva Nacional, do Conselho Político e das
bancadas da Câmara e do Senado para prestar contas de sua gestão no ministério e
pedir apoio. A reunião vai acontecer na sede do partido, em Brasília e será mais uma
tentativa de Lupi de mostrar que não está usando o cargo para favorecer a legenda. A
convocação foi feita ontem. "Não temos nenhuma razão para duvidar da ética e
honestidade de Lupi", defendeu o líder do partido na Câmara, Vieira da Cunha (RS).
Lupi deve repetir a mesma apresentação que fez na semana passada, mostrando todos
os repasses de verbas para entidades e organizações não governamentais realizadas
durante sua gestão. Vieira da Cunha deu o tom do encontro, ao afirmar que o partido não vai "colocar uma mão no fogo por Lupi, mas as duas mãos". Lembrou a trajetória do
ministro do Trabalho que era vice-presidente do PDT e um dos principais auxiliares de
Leonel Brizola no comando partidário.
A situação de Lupi continua a provocar constrangimentos no governo. Depois de declararem entrevistas no final de semana que Lupi deveria optar pelo governo e não pela presidência do PDT, o ministro da coordenação política, José Múcio Monteiro, correuontem para explicar-se, alegando que suas declarações haviam sido mal interpretadas.
Segundo o ministro, ele havia sido questionado se, em caso de opção, qual o caminho
que Lupi deveria escolher. E que ele, Múcio, torcia para que o pedetista optasse por
permanecer no governo.
Embora alguns outros integrantes do governo também defendam a mesma saída, Múcio
apresentou esta nova versão aos integrantes da coordenação de governo - embora o
assunto não tenha sido debatido na oportunidade. Depois, fez questão de ligar para o
próprio Lupi e para os líderes do PDT no Senado, Jefferson Péres (AM) e na Câmara,
Vieira da Cunha (RS), repetindo os mesmos argumentos. Na semana passada, o próprio
presidente Lula elogiou o ministro do Trabalho, classificando-o como o "mais republicano" de seus auxiliares. "As palavras de Múcio só corroboraram o apoio e reconhecimento que Lula deu ao trabalho de Lupi", disse Vieira da Cunha. No Planalto, a avaliação é de quequalquer denúncia contra Lupi deve ser investigadas. Mas que é injusto que tudo seja usado contra o pedetista. "Tem algumas denúncias que são vazias, não têm nada",confirmou um ministro palaciano.
O deputado gaúcho critica as denúncias de que o repasse de verbas beneficie ONGs
ligadas ao PDT. "Se a entidade cumpre todos os requisitos legais, tem atuação
reconhecida junto à sociedade, qual o problema de ela ter algum funcionário ligado ou
filiado ao PDT? O ministro Lupi já atendeu a mais de 200 parlamentares, de todos os
partidos. Não podemos confundir favorecimento com discriminação".
No Planalto, especula-se que Lupi pode procurar, nos próximos dias, o novo presidente
da Comissão de Ética Pública, Sepúlveda Pertence, para conversar sobre o seu caso.