segunda-feira, 25 de maio de 2009
Um ano sem Jefferson Péres
Miguel Zapara(*)
23.05.2009
Há um ano o Brasil perdia o Senador Jefferson Péres. Essa foi uma perda muito sentida, por cada um em particular, mas por todos no geral. Até mesmo os seus adversários reconheciam nele a referência de alguém que tinha ética, postura, educação, serenidade e equilíbrio para a coisa pública.
Eu, que convivi com ele desde 1967, portanto por mais de quarenta anos, senti muito e continuo sentindo a sua partida. Foi meu professor, amigo, companheiro de Câmara de Vereadores, conselheiro e confidente. Foi fundamental na minha vitória em 2004 e sentimos muito a sua ausência na campanha de 2008.
Jefferson era justo, sincero, sabia como dizer as coisas. Devo-lhe muito pela convivência, pelos conselhos e principalmente pelas cobranças e ponderações que sempre fez de forma serena, com a preocupação de quem queria que as coisas dessem certo.
Uma semana antes da sua partida inauguramos juntos duas escolas e um centro de saúde. Antes da inauguração fui buscá-lo e ele pediu que passássemos pelo Cemitério São João Batista, onde me mostrou o estado deplorável em que se achava a arcada da entrada pelo Boulevard Amazonas. Na seqüência, visitamos os túmulos do desembargador Arthur Virgílio e do governador Eduardo Ribeiro. De lá fomos para as inaugurações.
Uma semana depois ele partia, e veio a ser sepultado exatamente na área em que estivemos na semana anterior. Foi um duro golpe em todos nós. Na sua adorada esposa Marlídice, nos seus amados filhos Ronald, Roger e Rômulo, na sua nora Taynah, principalmente.
Deixou um exemplo de vida para todos. Sofri muito com sua perda. A saudade é grande, por tudo aquilo que ele representou na minha formação acadêmica e política.Uma das coisas que mais tenho orgulho na vida pública é o seu último artigo, que ele deixou pronto para ser publicado em A CRÍTICA no domingo, intitulado “ENFIM, O MÉRITO!” que reproduzo abaixo:
ENFIM, O MÉRITO!
Jefferson Péres
Um dos muitos legados que o prefeito Serafim Corrêa deixará para o seu sucessor será a institucionalização do sistema de mérito na administração municipal.
Pude constatar isto na semana passada, quando participei em companhia do prefeito de dois eventos, por sinal nas duas áreas mais relevantes de qualquer governo: a educação e a saúde. Foi na inauguração de uma escola e de um centro odontológico em dois bairros da periferia da cidade.
No primeiro, a entrega de uma escola que impressionou a todos pela qualidade do edifício e das instalações. Mas a mim impressionou muito mais ouvir, das próprias professoras e pedagogas, ainda jovens, que todas eram concursadas. E ao saber, pela diretora, que ela conquistara o cargo mediante um processo seletivo e não por apadrinhamento.
No outro bairro, houve a entrega de um novo Centro Odontológico, também impressionante pela estrutura física, pelos equipamentos e pela informação de que prestará todo tipo de tratamento odontológico, inclusive microcirurgias. Mas outra vez o que mais me impressionou foi saber, pelo secretário Jesus Pinheiro, que recebera a secretaria com 54% dos servidores em regime temporário, e hoje são 97% concursados.
Como se não bastasse, fiquei sabendo ainda que nas duas áreas, Educação e Saúde, existem respectivamente, em implantação e em fase final de elaboração, PCCS que garantirão aos servidores ascensão funcional e melhoria salarial por critérios objetivos, como um direito e não como um favor do governante.
Trata-se de um silencioso mas importante salto de qualidade na administração pública da nossa cidade. Algo que ironicamente não tem efeito eleitoral, porque não é reconhecido nem rende votos. Eis a triste sina, muitas vezes, daqueles que se dedicam com seriedade ao trato da coisa pública. Este artigo para mim é uma medalha muito importante.
Jefferson Péres está entre os justos, e daqui só temos a agradecê-lo por tudo de bom que ele fez em favor de todos nós.
Obrigado, mestre!
(*) Miguel Zapara é jornalista filiado ao PDT do Pará
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