segunda-feira, 15 de junho de 2009

Artigo

UMA CARTA E O SEU LEGADO

(*) Alberto Salazar


Na história da humanidade há inventos, organizações, e idéias que envelhecem. Tornam-se obsoletas, fora de moda, desatualizadas ou antigas. Pertencem a uma época, ou seja, não atravessam o tempo e não se perpetuam.

Em 17 de junho de 1979, cento e vinte brasileiros subscreveram uma carta compromisso em Lisboa, e entre esses estavam Leonel Brizola, Darci Ribeiro, Doutel de Andrade, Cibillis Viana, Sebastião Nery, Neiva Moreira, Matheus Schimidt, e quatro pernambucanos: Osvaldo Lima Filho, Francisco Julião, Anatailde de Paula Crespo e Maurílio Ferreira Lima.

No texto, registrou-se a necessidade da recondução do Brasil a uma institucionalidade democrática, na qual todos os cidadãos de maioridade fossem eleitores e elegíveis. Em 1982, já com a anistia ampla, geral e irrestrita, esta bandeira triunfou e ainda tremula. Também alude, o texto, à necessidade de se levantar as bandeiras do trabalhismo nas questões sindicais e salariais do povo trabalhador. Estas bandeiras, a bancada de deputados federais e senadores do PDT, e o Ministro do Trabalho Carlos Lupi, têm compromisso formal de defendê-las.

O texto ainda faz alusão a compromissos que os fundadores do Partido Democrático Trabalhista, muitos subscritores da mesma, adotaram como prioritários e permanentes, para não mais sair do seu estatuto. São compromissos com as crianças e os jovens, com os negros e índios, e com as mulheres.

Entenderam esses homens, liderados por Leonel Brizola, que o Brasil só se tornará uma grande nação quando a educação do nosso povo for prioridade, de qualidade e para todos; quando os brancos, negros, índios e mestiços forem percebidos entre si como verdadeiros irmãos, como um único povo; quanto às mulheres, talvez as que mais trabalhem que muitas vezes exercem um terceiro expediente em seus lares, quando forem vistas com igualdade e respeito.

Nesta próxima quarta-feira 17, registra-se 30 anos dessa carta, a Carta de Lisboa, e no dia 21 de junho, cinco anos do falecimento de Leonel Brizola. Efemérides que o PDT de Pernambuco lembra com solenidade, hoje à noite, em sua sede.

Como dito no início deste artigo, há inventos, organizações, e idéias que envelhecem. A Carta de Lisboa não está entre estes, pois continua atual, visto que seus compromissos com as crianças, negros, índios e mulheres serão permanentemente lembrados por aqueles que acreditam na ideologia trabalhista.

Quanto aos homens, morremos. Mas ficam muito mais que descendências, ficam lembranças, o exemplo e suas realizações. Leonel Brizola, que materializou a luta por uma educação de qualidade construindo no Rio de Janeiro mais de quinhentos CIEPs, com mais de 80 anos ainda empolgava multidões com a vitalidade de um jovem em busca de seus ideais. Este é imortal.

Brizola vive.

Viva o trabalhismo! Viva o PDT! Viva o Brasil!

(*) Alberto Salazar é presidente do IPEM-PE e Diretor da Fundação Brizola/Pasqualini

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